Especialistas em segurança creditam ataques desta semana a quadrilhas que agem na cidade
Os ataques à GCM (Guarda Civil Municipal) de Santo André podem ter sido retaliação de quadrilhas que agem na cidade, por conta da atuação incisiva que a guarda vem adotando. Na madrugada de segunda-feira (09/05), dois homens em uma moto efetuaram vários disparos contra o Comando da Guarda, e uma viatura da corporação também foi alvo de tiros.
Para o vereador Tiago Nogueira (PT), essa seria a explicação mais plausível para o ocorrido. “Ninguém passaria em frente ao comando da GCM efetuando disparos se não tivesse um motivo para isso. Algo feito pela guarda foi a razão para desencadear esse ataque”, disse.
Nogueira afirmou que o fato de a guarda atuar na cidade mais como uma “polícia municipal” pode ter atrapalhado alguma ação de quadrilhas que atuam no município. “Os GCMs de Santo André não zelam apenas pelos equipamentos públicos. Desempenham uma ação mais incisiva de combate à criminalidade, apesar de constitucionalmente não terem esse poder.”
De acordo com o comandante da GCM, José Roberto Ferreira, a corporação tem feito trabalho intensivo em equipamentos públicos, como praças, Emeis, Cesas e nas proximidades de onde ocorreram os ataques. “Se um guarda se depara com usuários de drogas ou pessoas cometendo outro tipo de delito, a abordagem é feita. Não podemos fechar os olhos.”
Crime organizado - O comandante da Polícia Militar no ABCD, coronel José Navarro, acredita que o ataque está relacionado a apreensão no núcleo habitacional Tamarutaca na sexta-feira (06/05). “Como o Comando da Guarda é próximo ao local onde ocorreu a ação policial, os criminosos fizeram a retaliação neste local”, disse.
Navarro descartou qualquer possibilidade de a ação criminosa contra a GCM estar relacionada ao crime organizado. “Não há células dessas facções no ABCD”, afirmou.
A opinião é compartilhada pelo especialista em segurança Jorge Lordello, que refutou a possibilidade de a ação criminosa estar ligada ao crime organizado. “Esse foi um problema localizado e que deve ter sido desencadeado por alguma ação incisiva da guarda. Não há relação com ações do crime organizado, como ocorreu em 2006.”
O especialista faz referência aos ataques da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), que há cinco anos atacou presídios, bases policiais e viaturas, inclusive no ABCD, com ônibus sendo queimados em Diadema. Em agosto do ano passado, um coletivo foi queimado com um coquetel molotov (garrafa com combustível e pavio aceso) em São Bernardo.
Inteligência - Desde esses acontecimentos, a secretaria estadual de Segurança Pública passou a atuar com o setor de inteligência infiltrado em presídios para antecipar ações de facções. “Não existe apenas o PCC. Há outros grupos menores que são contraditórios”, disse o coronel da reserva e consultor de segurança pública José Vicente da Silva Filho.
Para o coronel da reserva, atualmente o PCC está enfraquecido por conta da resposta dada pelas forças policiais aos ataques de 2006. “No momento essas facções estão revendo estratégias de ações. Quanto ao acontecimento de Santo André, ainda é prematuro apontar uma causa”, ponderou.
O deputado estadual Adriano Diogo (PT) lembra fatos a serem apurados, ocorridos após os atentados do PCC e espera que o ataque sofrido pela GCM não desencadeie novas ações semelhantes. “Há cinco anos cerca de 480 jovens foram mortos indiscriminadamente. Não podemos deixar que isso volte a ocorrer”, finalizou.
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